terça-feira, 29 de março de 2011

Desalinhados

Munch - "O grito"


"Os jovens estão mais aptos a inventar que a julgar; mais aptos a executar que a aconselhar; mais aptos a tomar a iniciativa que a gerir" - (Francis Bacon)

A geração da meia idade actual de pais educaram os seus filhos , em nome de uma protecção desvirtuada, recheada de caprichos , cuja abundância de teres os tornou obstinados e sobretudo insatisfeitos, com um desejo desmedido, nada saudável, porque não se prepararam nunca para perder...

Esta geração de filhos que não foram orientados para saber lidar com frustrações, essas mesmas que têm feito parte parte do percurso da vida humana desde o passado, intrínsecas aliás, à sua evolução , cuja memória dos vindouros rapidamente esqueceu, porque o bem-estar obviamente marca o cérebro com sinais positivos, decorrentes das endorfinas responsáveis pela satisfação, que rapidamente se instalam e se tornam viciantes. Foram as últimas descendências privilegiados na infância e na adolescência, que cresceram sem que lhes pedissem grandes sacrifícios.

Na verdade tudo passou a ser descartável: os estragos substituíam-se facilmente por coisas novas, porque a sociedade o instituiu.A juventude assimilou-o, incutindo hábitos de desperdício em tudo . A ideia de obter veio a substituir a de conseguir alcançar através do ganho merecido.

Hoje o mundo mudou. Tal como já havia mudado já muitas vezes na cronologia do mundo: a períodos de abastança, seguem-se os de carência, é quase cíclico,a História prova-o.Aqui e agora estamos a sofrer uma crise económica que se repercute de imediato na vida social. Sofre-se! O fácil tornou-se difícil!

Só os valores ligados à prática quotidiana, para além da moral e de qualquer religião específica, mas aqueles adquiridos pragmaticamente, em função da sobrevivência no seio da comunidade e em prol do bem comum, poderão servir de escudo a esta geração ansiosa e revoltada, receosa da dureza que se evidencia, com fracas competências para lidar com o "pouco", habituada a mordomias provenientes duma abastança fugaz, mas apetitosa.

É preciso reaprender a lidar com o malogro, ultrapassar barreiras com humildade ( não com humilhação), ser criativo e saber fazer, antes do saber estar.

"O que se aprende na juventude dura a vida inteira" -(Francisco Quevedo)

4 comentários:

  1. Olá Meg
    A juventude está meio perdida entre formação e informação. As coisas mudam muito rapidamente e os jovens adeptos às mudanças acabam se perdendo entre tantas opções.
    Bjux

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  2. OI Meg!

    Neste seu post há duas vertentes:
    "os filhinhos de papai" e os "outros"
    Os primeiros, não dão pela crise, , com curso ou sem curso,bem ou mal "educados"!
    Os outros, andam no mar alto, sem rumo, e a culpa não é deles, nem dos pais, foram sempre habituados a contar os tostões, estes sim, pagam os tempos que estão a correr!Para estes onde estão os empregos? Qual o futuro, pedir mais sacrificios a quem sempre os teve?
    Até breve
    Herminia

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  3. Olá Meg

    Que dizer deste retrato tão clarividente, vamos caminhando entre os pingos da chuva esperando que não se percam muitos no caminho...

    Parabens pelo trabalho e votos de uma boa Pascoa

    Beijinho

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  4. As vezes quando a sabedoria dos homens falha, Deus usa o dia a dia a nos ensinar.

    A facilidade que nos faz perder a força para nos fazer evoluir, pelo menos penso assim...

    Fique com Deus, menina Meg.
    Um abraço.

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