quinta-feira, 1 de outubro de 2009

rescaldo das eleições....

"A aparência de justiça combinada com a injustiça efectiva conduziria ao auge da felicidade... Para ser rigoroso, o auge da felicidade é a vida do tirano, do homem que conseguiu cometer o maior de todos os crimes ao subordinar a cidade como um todo ao seu bem particular, e que se pode dar ao luxo de abandonar a aparência de justiça ou de legalidade” - Epicuro

Democracia é um regime de governo onde o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos directa ou indirectamente, por meio de representantes eleito. Uma democracia pode concretizar-se num sistema presidencialista ou parlamentarista, quer de natureza republicano, quer monárquico.
Os valores fundamentais da democracia são a liberdade e a diversidade, entendida a primeira como princípio sobre o qual deve fundar-se a organização política da sociedade, e a segunda, como corolário que conduz ao pluralismo de ideias e actuações.
Os inimigos da liberdade são criativos, inventando novos instrumentos ardilosos, que ludibriam o povo, invocando o bem público, conseguindo inverter as regras da ordem democrática, para que esta se transfigure num formalismo simbólico e poder passe regularmente a ser dividido entre os que já o têm, dando a ilusão ao voto, acreditando os eleitores que foram eles que escolheram livremente.
A informação distorcida, as técnicas do marketing político são a mais elaboradas formas de iludir os crentes democráticos cidadãos, que vão às urnas convictos de uma representatividade que afinal não existe, enquanto “voz colectiva” das maiorias que votaram, partindo da escolha. Só que essa escolha já estaria elaborada, “dourada a pílula”, para confundir os crentes, cujo padrão ideológico é adaptado ao desejo de quem apregoa programas políticos, que se encapuzam de utilidade publica, obscurecendo a exaltação privada.
O Estado contemporâneo em forma de democracia, está cada vez mais a adquirir jeitos de totalitarismo, embora não idênticos aos que floresceram na primeira metade do século XX e redundaram no nazismo e no comunismo. Essas que descambaram para a supressão do regime de propriedade privada, das liberdades pessoais, do controlo educacional da juventude, mediante, a permanente vigilância sobre a sociedade
A crise económica fez soar o alarme dos perigos que podem oprimir um povo, em nome do proteccionismo, se o poder estabelecido for posto em causa, sobretudo se, em prol da comunidade, os governos tomam um atalho para o totalitarismo, como salvaguarda dessa crise sistémica.
As maiorias parlamentares sob a capa de uma só força política indiciam um prognóstico de “autismo”, enfermo de sintomas autoritários, a coberto da necessidade da viabilidade de governo.

“…para que a democracia se salve e regenere é urgente que se busque assentá-la em fundamentos metafísicos e se procure a origem do poder não nos caprichos e disposições individuais, mas nalguma coisa que os supere e os explique, aprovando-os ou reprovando-os. O indivíduo passaria a ser não a fonte mas o canal necessário ao transporte das águas; nenhuma autoridade sem ele, nenhuma autoridade dele.” - Agostinho da Silva