segunda-feira, 16 de novembro de 2009

azul


Morre-se nada quando chega a vez é só um solavanco na estrada por onde já não vamos morre-se tudo quando não é o justo momento e não é nunca ...
Mia Couto

Morre-se quando não existe mais ninguém pela qual se tenha vontade deviver…
Quando então a luz se apaga, resta apenas uma eterna noite para dormir
A morte é docemente azulada lembrando o céu que é um conjunto de gases, sem forma que representam o nada, a tranquila flutuação no volátil apaziguador das horas que pararam o registo dos ponteiros onde ela, a morte, se escondeu durante tanto tempo da nossa existência.
E a cor da morte pacifica a dor, enquanto alívio, serenamente o nada envolve-se do tom celestial para o que repousa, pintando de negrume o coração dos que choram a perda.
O contraste é avassalador, mas tão real, que nos esquecemos propositadamente que ele existe, ainda que a nossa memória selectiva se iluda com receio de ir ao encontro do azul, mas também de se tingir de negro…