domingo, 28 de março de 2010

Res Publica


"Há muito poucas repúblicas no mundo, e mesmo assim elas devem a liberdade aos seus rochedos ou ao mar que as defende. Os homens só raramente são os dignos de se governar a si mesmos"(Voltaire)


Portugal comemora 100 anos de republicanismo. Viva a república!
Polémico ainda neste velho continente europeu o melhor tipo de poder.Talvez haja um estigma que nunca largou os povos que aderiram à república, em convívio político paralelo aos que permaneceram monárquicos.
A monarquia não passa de um clássico símbolo,resultante da evolução tribal, reunida em volta do seu chefe, reconhecido elemento unificador, para a defesa da casta.Por norma, alguém fisicamente capaz, de cariz forte, destemido, transmissor de segurança. Depois,esse ceptro acabou por ser perpetuado no seio familiar, em transmissão directa.
Mas a questão põe-se: é garante a mesma qualidade de liderança nas futuras gerações? E aí todos teriam de se resignar com o rei de direito próprio, mesmo que fosse impróprio para consumo? Ainda que constitucional, a monarquia delegava na figura real a chancela do seu povo, porém, este teria de se submeter a esse conformismo.Mesmo com muitos defeitos, um presidente é escolhido, de um entre os seus pares, em teoria legislada.
Depois, claro, surgem as imperfeições, desvirtuando os preceitos dos princípios que nortearam essa soberania. Mas também se está bem a tempo de os modificar, já que é dos erros que se evolui, melhorando o que não é funcional.
E note-se que a soberania do povo delega o poder em quem elege, não há súbditos! Mas que há um certo romantismo na figura real, há, no imaginário colectivo dos contos ancestrais de príncipes e princesas .
Talvez seja essa a nostalgia que ainda nos arrasta a asa para essa vertente do poder de sangue azul, não obstante a racionalidade que preside ao livre escrutínio duma república.
Dela restou um ideário:

"... encararemos o republicanismo como uma doutrina sociopolítica de raíz humanista, que inseriu a defesa dos direitos individuais num horizonte de sociabilidade cívica." (Catroga)