Dali
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Luís de Camões
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Luís de Camões
Quantas vezes desejamos mudar aquilo que somos!
Será que nos vamos transformando?
Ou, apenas adaptando àquilo que a vida nos vai trazendo, procurando apenas encontrarmos uma defesa para a preservação do nosso bem-estar?
A mudança é sempre efémera, mudamos porque aprendemos com os erros, mas lá no fundo do nosso ser, pervalecem as nossas convicções, o nosso eu, que somente a maturação nos levou a uma assetividade de actuação, porque não vivemos isolados.
quantas vezes desejamos desaparecer!
E seria mesmo até sempre?