sábado, 7 de março de 2009

Mestria do tempo


Ter 80 anos....

Participei nesse evento. 

Na verdade recordei a minha infância, quando acompanhei sem convicção esse  aniversário com os meus avós. Na época parecia-me uma eternidade, eram velhos, de pele engelhada, ossos retorcidos, olhar encovado, andar lento, ideias retrógradas, manias de idoso. 

Hoje alterei o meu sentimento, o meu olhar sobre a idade, sinto-me próxima, admiro o saber acumulado, a sobrevivência aos desgostos sentidos, as memórias dos momentos felizes, o respeito pelo proximidade de um fim, remando-se contra a maré, invertendo o tempo, em função do saber viver um dia de cada vez...

E já não são os meus avós, encurtou-se a distância, , a minha sogra, separa-me apenas uma geração!

O efémero é isto mesmo, a passagem tão breve, que quando paramos para pensar, olhamos para trás e damos conta do que já caminhámos, do que nos sobra e estamos lá...

A vida não se resume só o entusiasmo dos jovens; nem se restringe à reflexão dos velhos; não ese encontra apenas na audácia de uns, nem  na experiência dos outros; edifica-se pela  integração das virtudes contrárias, sem a  qual a marcha da humanidade  não seria possível, em todo o seu esplendor. 


"Não mudamos com a idade na estrutura do que somos. Apenas, como na música, somo-lo noutro tom" - Vergilio Ferreira

terça-feira, 3 de março de 2009

Livremente condicionado ...


"Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. (.Declaração dos Dieitos e cidadãos, artigo1)
 A vida é um bem de todas as pessoas., nenhuma vida humana é diferente de outra, nenhuma vale mais do que outra  O entendimento filosófico  é que a vida humana é um bem anterior ao Direito, que a ordem jurídica deve integrar.. E nenhum bem humano é superior à vida,  não sendo portanto justo matar, para que alguns  homens fiquem mais poderosos, para satis fazer as ambições ou a intolerância de alguns, nem para que uma parte da humanidade  possa vir a impor ao resto do mundo seu sistema de vida.
Daí que  Amnistia Internacional se oponha à pena de morte em todos os casos, por ser uma  degradante violação à vida, condiderando contudo ainda medidas que limitem a aplicação da pena de morte, tendo por finalidade no limite, a  direcção à abolição total de tal pena capital, incluindo ressalvas que impessam  a execução de menores.
Por outro lado, há também o direito à morte, ou melhor, a liberdade e o direito de, em situação de igualdade, poderem dispor de da sua vida, sem penalizar terceiros, inflingindo-lhes sofrimento coercivo.
Disto advem o velho problema da eutanásia, já que o suicídio parece ser um caso arrumado,após a sua concretização, cujas lágrimas, porventura vertidas pelos enlutados, não incriminam os suicidas, apenas lamentam a sua perda.
A eutanásia é um vocábulo derivado do grego eu (bom) ethanatos (morte)  significando ,  a morte  doce e tranquila. Foi mesmo  um conceito  associado ao "Euthanasieprogramm "do nacional socialismo, eliminador de doentes portadores de alterações genéticas, impeditivas de seleccionar uma boa raça... 
O prolongamento artificial da vida deveencontrar  uma  fronteira. Se por um lado, a medicina aliada à tecnologia avançou e continua avançando, ao ponto, de conseguir através dela  prolongar a vida humana, por outro  lado, deve ter-se presente os limites toleráveis da procrastinação de modo a indefinir o inevitável processo da morte, prolongando o sofrimento alheio.
Há uma rota de colizão entre  a concepção de morte   e  a dignidade humana. 
Até onde começa o direito à vida e termina o direito à morte por opção? 
Quem pode condicionar o livre arbítrio?
Como se pode ser o responsável pela vida e morte dos que não se podem pronunciar sobre elas?

"Viver interessa mais que ter vivido" .
     Agostinho da Silva     ("Textos e Ensaios Filosóficos")
"...morremos no exacto momento em que deixamos de ser úteis"
   Sartre , Jean-Paul    ("Mortos Sem Sepultura")