quinta-feira, 9 de junho de 2011

Vínculo...voluntário


"O casamento é a identificação de duas pessoas imperfeitas num indivíduo completo."- Ramalho Ortigão


Uma vez surge o encontro. No outro o reencontro e depois a rendição.
Entra-se num processo de alienação: todos químicos corporais são responsáveis pela euforia. Inicia-se a viciação.
Então deixa de existir o mundo, passa -se a viver numa "cabana" que possui tudo o que é necessário para a Felicidade entre um par.
Mais tarde, pestaneja-se, porque se dá conta que afinal a vida lá fora continuou. É preciso integrá-la, para que a nosso abrigo não se desmorone, porque não se vive dos sentimentos, come-se, bebe-se, há o trabalho, a labuta originada pelas profissões, cobram-nos contas. Mas realmente, em cada dia torna-se difícil esperar pela noite, para mais uma dose de amor...Ah afinal o afecto dá vida!
E um dia já são três, surge um "intruso", oriundo dos dois.por cumplicidade, que veio abalar a nossa bem-aventurança. Chora, come, reclama cuidados...depois pede, exige, aporta para casa obstáculos, que dividem os progenitores, limitam-lhes a harmonia, mas são também o elo da luta comum, da convergência, em prol do apelo do "sangue". E repete-se o instinto de sobrevivência...Abalos no quotidiano!
Porém, o que alia os amantes é que se vai sempre arranjando espaço para "escapadelas", esquecimentos transitórios dos constrangimentos, onde a história de amor com "barbas" se revê no vício da paixão juvenil que afinal parecera não ter esmorecido, só adiado... É nesses intervalos do quotidiano, que ainda há lugar para Amar numa "toca" improvisada, desde que apinhem os dois.
As imperfeições de cada um, muito gritadas mutuamente, terminam ali e agora, dão lugar ao ao Éden, num envolvimento harmonizado por convenção. O ciclo da cegueira deu origem a um espaço de maturidade conivente, de tolerância, com algum espaço diáfano para a fantasia ...
Diferentes, mas comuns...
O segredo de longevidade de um casamento?

A propósito, Bernard Shaw escreveu assim:

"Se você não se pode livrar do esqueleto que está no seu armário, é melhor que o ensine a dançar."