quarta-feira, 28 de abril de 2010

Salvador Dali


"Dizem que tudo o que buscamos, também nos busca e mesmo se ficarmos quietos, o
que buscamos nos encontrará. É algo que leva muito tempo esperando por nós.
Enquanto não chega, nada faças. Descansa. Verás o que acontece enquanto isso
.”

Clarissa Pinkola

Será que existe destino? Ou ele é produto do nosso percurso?

Por vezes acreditamos que a sorte ou o azar que nos marcam, resultam duma profecia anunciada que nasceu connosco, escrita nas coordenadas astrológicas que a posição dos corpos celestes nos determinou.

Mas a verdade é que as nossas decisões também nos prescrevem o futuro, condicionam-nos o trajecto da vida, invertem os nossos anseios, somente porque fomos nós que escolhemos o atalho, convictos que seríamos o mais apropriado para seguir caminho.

A natureza humana é impaciente, não se resigna simplesmente apenas o quotidiano,ela planeia, sonha, sofre por antecipação. Seria bem mais pacífica a existência, se cada um de nós, simplesmente se limitasse a existir.

E então veríamos o que aconteceria enquanto isso… Talvez o que buscamos nos encontrasse, talvez porque não teimássemos em procurar…

E o tempo passaria mais de vagar,a exigência diminuía e viveríamos um dia de cada vez!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Escola na república in Google imagens

Para ter ideias claras sobre o futuro do nosso País é fundamental tê-las sobre o seu passado." (Carvalho Homem)

A transmissão dos legados patrimoniais, relativos aos valores ideológicos e culturais do passado, representa uma herança segura deixada aos jovens, ensinando-os a conhecer, cuidar e preservar das marcas deixadas pelos seus progenitores, construindo um memorial colectivo, para dar significado à vida.

A palavra ‘memória’ remete - nos necessariamente a outra, o ‘passado’. A memória é algo que se distingue do presente, mas que, ao mesmo tempo, faz parte dele. Por isso, tal como a memória, também o passado é entendido, sob o prisma do pensamento ocidental, num âmbito temporal distinto do presente.

É preciso não esquecer que a memória dos jovens está recheada por representações e noções sobre o passado, adquiridas nos contactos sociais. Os factores afectivos têm um peso decisivo nessas memórias colectivas e são até fonte de muitas interpretações unilaterais dos factos históricos, sendo que, por vezes, muitas delas são construídas a partir muitos esquecimentos. O próprio passado é visto em função do presente dependente das expectativas do futuro.

Consequentemente, o ensino da História deve contribuir para edificar uma memória fundada na informação crítica e plural, que inclua quadros de referência, para se continuar a perpetuar o passado, em função da reflexão sobre o mundo actual. Daí que a consciência histórica deva revestir um carácter humanistas, partindo das realidades próximas, locais, nacionais e europeias, com as quais nos identificamos, para a compreensão das afinidades e diversidade humana cultural, cuja memória colectiva seja entendida como uma representação do passado compartilhado, promovendo e definindo as identidades de grupo. Nos últimos tempos tem-se desenvolvido, ao nível social, uma crescente preocupação pela preservação do nosso património cultura, na a tentativa de colmatar as necessidades e deficiências locais neste campo, estando-se a converter numa orientação política para os autarcas.

É pois neste contexto, que a escola se inscreve como adjuvante na pesquisa da herança cultural e ensino dos valores patrimoniais, incentivando à preservação e promovendo a formação cívica, mas forjando sempre o espírito crítico.É fundamental avivar lembranças dos que ainda as guardam, escutadas dos seus pais e avós, como testemunhos vivos do passado, estendendo os seus depoimentos às novas gerações, que erguerão o memorial concelhio, em estreita colaboração com o lugar de aprendizagem por excelência, que são as escolas cheias de jovens em formação Deve dar-se primazia à articulação da aprendizagem global, formativa e cívica, no sentido da correlação entre novos ”aprendizes” e os “velhos” guardadores de memórias, em forma de trocas intergeracionais. `

"Só protegemos o que amamos, só amamos o que conhecemos"

(Lema da OPA )

domingo, 28 de março de 2010

Res Publica


"Há muito poucas repúblicas no mundo, e mesmo assim elas devem a liberdade aos seus rochedos ou ao mar que as defende. Os homens só raramente são os dignos de se governar a si mesmos"(Voltaire)


Portugal comemora 100 anos de republicanismo. Viva a república!
Polémico ainda neste velho continente europeu o melhor tipo de poder.Talvez haja um estigma que nunca largou os povos que aderiram à república, em convívio político paralelo aos que permaneceram monárquicos.
A monarquia não passa de um clássico símbolo,resultante da evolução tribal, reunida em volta do seu chefe, reconhecido elemento unificador, para a defesa da casta.Por norma, alguém fisicamente capaz, de cariz forte, destemido, transmissor de segurança. Depois,esse ceptro acabou por ser perpetuado no seio familiar, em transmissão directa.
Mas a questão põe-se: é garante a mesma qualidade de liderança nas futuras gerações? E aí todos teriam de se resignar com o rei de direito próprio, mesmo que fosse impróprio para consumo? Ainda que constitucional, a monarquia delegava na figura real a chancela do seu povo, porém, este teria de se submeter a esse conformismo.Mesmo com muitos defeitos, um presidente é escolhido, de um entre os seus pares, em teoria legislada.
Depois, claro, surgem as imperfeições, desvirtuando os preceitos dos princípios que nortearam essa soberania. Mas também se está bem a tempo de os modificar, já que é dos erros que se evolui, melhorando o que não é funcional.
E note-se que a soberania do povo delega o poder em quem elege, não há súbditos! Mas que há um certo romantismo na figura real, há, no imaginário colectivo dos contos ancestrais de príncipes e princesas .
Talvez seja essa a nostalgia que ainda nos arrasta a asa para essa vertente do poder de sangue azul, não obstante a racionalidade que preside ao livre escrutínio duma república.
Dela restou um ideário:

"... encararemos o republicanismo como uma doutrina sociopolítica de raíz humanista, que inseriu a defesa dos direitos individuais num horizonte de sociabilidade cívica." (Catroga)




sábado, 13 de março de 2010





A jovialidade empresta.nos uma imensa a coragem à nossa vida, porque a vislumbramos como uma montanha, que vamos subindo, sem que avistemos a morte situada no sopé, já lá do outro lado. Todavia, ao atingirmos o pico, defrontamo-nos de facto com essa cruel realidade finita, até então ignorada .Aí, como a força vital começa a enfraquecer, a coragem decresce, estampando-se no nosso facies uma integridade sombria, esta passa então a reprimir a audácia juvenil. Enquanto somos jovens, a vida é como se fora eterna,pelo que gozamos o nosso tempo com prodigalidade, porém, quanto mais velhos , mais economizamos cada dia vivido, sem desperdício, antes que eles se findem... Todos falam da idade, do tempo que passa por cada um de nós...afinal todos a receiam...

Não mudamos com a idade na estrutura do que somos...

apenas, como na música, somo-lo noutro tom.

Vergílio Ferreira

Os velhos acreditam em tudo,

as pessoas de meia idade suspeitam de tudo, os jovens sabem tudo

Óscar Wilde

O homem que é pessimista antes dos 50 anos,

sabe demasiado; o que é optimista

depois, não sabe o bastante

Mark Twain

Até mesmo para quem passou toda uma vida no mar,

chega uma idade em que se deixa a embarcação,


Italo Calvino

Cada um tem a idade... do seu coração, da sua experiência, da sua fé!

George Sand

Envelhecer é passar da paixão à compaixão.

Albert Camus

O mais importante que aprendi a fazer,

depois dos quarenta anos foi a dizer não quando é Não!!!


Gabriel G Marquez

A mocidade é um erro belo,

porque vive a vida que está para diante;

a velhice é um erro triste,

porque vive a vida que ficou para trás...



Antero de Figueiredo

Você pode viver até aos cem anos se abandonar
todas as coisas que fazem com que você queira viver até os cem anos
...

Woody Allen

domingo, 28 de fevereiro de 2010

in ilo tempore...Coimbra

www.cnmusica.com/ftp/FADOS_COIMBRA.jpg
"O passado, o presente e o futuro não são mais do que um momento na perspectiva de Deus, a perspectiva na qual deveríamos tentar viver. O tempo e o espaço, a sucessão e a extensão, são meras condições acidentais do pensamento. A imaginação pode transcendê-las, e mais, numa esfera livre de existências ideais. "Oscar Wilde
A praça da cidade universitária, que centenariamente evoca a república portuguesa, amontoam-se memórias dos que passaram pela velha academia, cujos espíritos foram moldados pelas tertúlias, paródias e desafios de uma mocidade aberta à novidade, destemida, ávida de mudança...
Numa cidade - canção, eternizada no fado saudoso da juventude perdida, subsistem agora as lembranças, ofuscadas pela renovação da actualidade, diferente, cujos valores e interesses alteraram de certa forma a paisagem humana que a povoa no presente, apesar deste não distar tanto assim do tempo da recordação, mas menos convulsiva na forma de contestar, porque os ideais são outros.
Permanece o espaço que assiste à renovação das gentes que o frequenta, nas esplanadas recria-se a a narrativa colectiva.Hoje restam as consciências na penumbra das árvores frondosa, que ensombram os dias de outrora, porque já não voltam, são fantasmas que recordam os dias risonhos das gerações que por ali deixaram as suas almas e edificaram a história.
Aprenderam a vida!
"A educação é uma coisa admirável, mas é bom recordar que nada do que vale a pena saber pode ser ensinado" Oscar Wilde

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Clientela….

www7.rio.rj.gov.br


“Há duas maneiras de um homem a alcançar. Uma é pela cultura e outra é pela corrupção.”

Oscar Wilder

A clientela, na história romana, foi um grupo originário da plebe que, para sobreviver, se colocava a serviço de um patrício, que passaria a ser o seu patrono, recebendo deles assistência jurídica e terras para cultivo. Por sua vez, os clientes tornavam-se fiéis aos patrícios e votavam segundo a sua indicação.

Versão actualizada destes clientes encontram-se os compadrios, que através de promessas e trocas de favores, igualmente sobrevivem, melhor, vivem excelentemente, ao serviço dos seus padrinhos , cujo folar é recebido em conluios.

O oportunismo instalou-se como regra dos iluminados, que em terra de cegos usaram o olho que tinham, como meio de espiar conveniências e, através de manipulações, arrecadam o produto do saque, ainda que praticado de modo discreto, com aparência de cordato, em prol do bem público, sob um pretenso trabalho difícil, sem horário, pleno de responsabilidades, virtuoso…

A única virtude dos oportunistas é a sua capacidade de sobrevivência.

Para ser eficiente, o oportunista apresenta destreza e características que lhe permitam influenciar pessoas em resultado do seu proveito próprio, de modo lesto, com um desempenho capaz.

Se tivermos em conta que o verbo corromper significa tornar pútrido, podre, facilmente poderemos perceber, que a corrupção social significa o uso ilícito do poder, com a pretensão de transferir renda pública ou privada, de forma amoral, para grupos de indivíduos, inter- ligados por laços de interesse partilhado.

O suborno emana da natureza humana, tem história, o Judas que vendeu Cristo, o Viriato atraiçoado por Sertório… só mesmo a educação da consciência é capaz de controlar o ímpeto da perversão.

As democracias geram também abusos de poder, o sistema teórico sustentável, porém com uma prática subvertida, porque os intermediários do sistema criam teias de circulação, cujo percurso só é disponibilizado aos bem aventurados, que se regem pela avidez da riqueza, da fama, através da postergação dos outros, os mal amados, ainda que tidos como protectores sociais do bem comum.

A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse”. Eça de Queiroz

domingo, 7 de fevereiro de 2010

photobucket.com/albums/b159/panotea/Santa.




A história é a vida das colectividades; a novela é a vida dos indivíduos

(Alphonse Daudet )

São os protagonistas da História da Humanidade, nasceram, viveram e morreram sem nunca terem sido valorizados, porque apenas se limitaram a ser.

Dos fracos não reza a História, diz o velho aforismo popular, que tal como toda a sapiência empírica enferma do mal das adulterações de entendimento, regidas apenas pelo que é visível, não pelo que se dá no âmago da acção. Daí que os heróis passaram sempre a ser os personagens que edificaram os valores da vida, à velha maneira dos clássicos, em bom exemplo e incentivo para os demais, ainda que arrastassem também consigo os vícios privados atrás das públicas virtudes. Já posteriormente se procura apenas realçar os heroísmos, em corpos tão sãos, sem máculas espirituais, como se fossem pequenos Deuses, concebidos no seio das religiões monoteístas, puros, sem pecado, determinados, poderosos, capazes, dotados de um dom.

A História foi estudada em função dos” Grandes “, daqueles que se distinguiram pelos actos aplaudidos pelas civilizações ocidentais, ou analisada pelo contraste dos que se evidenciaram pelas acções consideradas vis, de extermínio, ou simplesmente de domínio. E ecoam para sempre Alexandre Grande, Carlos magno, George Washington, Nelson Mandela, ou, Nero, Carlos V, Hitler, Pinochet….

Revisitando o poeta Augusto Gil, numa simetria verbal…” Os Anónimos Senhor, porque lhes dais tanta dor, porque padecem assim…?”, sem memória colectiva, realçada pelas virtudes, ou pelo sofrimento, cedendo sempre a sua vez aos ilustres, que constam dos Anais, insigne pelo feito relevante, ainda que não auferindo a mesma presunção de aplauso, por unanimidade, mas sim pela ascendência que determinam.

Eles nasceram e cresceram nos seus meios, por vezes hostis, lutaram pela sua sobrevivência, mas também despiram a pele do “egoísmo” e vestiram a capa da filantropia, salvaram gente, construíram terras, inventaram remédios, curaram moribundos, sofreram abusos, explorados, mas também foram coniventes no ultraje alheio, choraram, riram, adoeceram, fizeram exames de consciência, arrependeram-se, ou não, mirraram, percepcionaram a fraqueza humana, souberam que nunca seriam eternos…morreram. Pouco são lembrados…são os anónimos, edificaram a História , “E cada homem é um livro onde o próprio Deus escreve” (Victor Hugo)