sábado, 7 de novembro de 2009

Sebastião Salgado
Hoje apenas um pequeno nada:
Ou, um pequeno tudo:

O mundo está a apodrecer, humanamente. Perdeu-se o sentido de sobrevivência, ganhou-se o vício da usurpação.
O individualismo desmedido roubou a prática do repartir, da colectividade, como forma de aconchego e de força.
As adversidades são combatidas pela tabela da repulsa, com armas de destruição física e psicológica, ganhou-se o sentimento da aniquilação de qualquer sombra indesejada, a que pode, em qualquer altura competir com um poder instaurado.Um grande poder, ou um pequeno, não importa a relativização do lugar de trono. Apenas interessa mantê-lo, porque empresta ao ser humano a ideia de "super" e esse grau confere importância social, cuja experiência se torna viciante e como todos os vícios, ilusória de bem-estar, intemporal, como se a eternidade fosse apanágio daqueles poderosos.
Faz falta um novo "velho do Restelo", que desperte para a fragilidade ilusória dos que trepam a todo o custo na pirâmide social, que os Cânones históricos dão como desintegrada após o terminus do Antigo Regime.....não obstante o seu conservadorismo, mas que por ser ancião possuía a sabedoria da experiência adquirida:
Ó glória de mandar , ó vã cobiça
Desta vaidade a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C´uma aura popular que honra se chama..... (Os Lusíadas)

5 comentários:

  1. Infelizmente, um livro "antigo" falando sobre porblemas atuais...

    Fique com Deus, menina Meg.
    Um abraço.

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  2. Hoje passando para te ler, e desejar um lindo final de semana com muito amor e carinho

    "É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar.
    É melhor tentar, ainda que em vão, que sentar-se fazendo nada até o final.
    Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias tristes em casa me esconder.
    Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade viver..."
    Martin Luther King

    Abraços com todo meu carinho

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  3. Amiga
    Este é um tempo em que os ignorantes e mal formados chegaram ao poder por inércia de muitos de nós que o consentimos. A ignorância é tanta que nem se apercebem, também na sua falta de humildade, que a vida é efémera e o poder ilusório. A ignorância e o atrevimento são tão grandes que não se importam de prejudicar inocentes para que a sua prepotência se concretize.Não fazem nada de construtivo e ainda destroem ou tentam destruir o trabalho qualificado dos outros.

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  4. Um pedacinho dos Lusíadas que, apesar dos séculos passados,está super actual; hoje há que ter fama, riqueza, poder; o TER é o fundamental..o SER que importa? Não dá votos, não dá fama, não é visível; os valores morais estão cada vez mais raros; a pressa é tanta que não somos capazes de passar por um mendigo e parar um pouco pelo menos para lhe perguntar como está; não fazemos isso nem com os amigos, quanto mais com quem nos conhecemos; eu costumo dizer que não temos tempo para um telefonema, um e-mail, uma visita, mas se um amigo morre, passamos horas no velório e depois faltamos até ao trabalho para o acompanhar à sua última morada; não sei...se calhar fazemos isso de remorsos...não é consciente, mas bem lá no fundo o nosso eu nos está a alertar e a soprar bem baixinho « vê lá se aprendes...não voltes a cometer o mesmo erro...não custa nada...telefona aos teus amigos pelo menos de vez em quando; lembra-te...um dia ele não atenderá o telefone».Mas, será que algum dia vamos aprender e lembrar? É melhor ter esperança que sim, pois de outro modo desanimaremos. Beijinhos e até breve, amiga.

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  5. Muito pesado o texto mas infelizmente muito real também.
    Beijos

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