segunda-feira, 16 de novembro de 2009

azul


Morre-se nada quando chega a vez é só um solavanco na estrada por onde já não vamos morre-se tudo quando não é o justo momento e não é nunca ...
Mia Couto

Morre-se quando não existe mais ninguém pela qual se tenha vontade deviver…
Quando então a luz se apaga, resta apenas uma eterna noite para dormir
A morte é docemente azulada lembrando o céu que é um conjunto de gases, sem forma que representam o nada, a tranquila flutuação no volátil apaziguador das horas que pararam o registo dos ponteiros onde ela, a morte, se escondeu durante tanto tempo da nossa existência.
E a cor da morte pacifica a dor, enquanto alívio, serenamente o nada envolve-se do tom celestial para o que repousa, pintando de negrume o coração dos que choram a perda.
O contraste é avassalador, mas tão real, que nos esquecemos propositadamente que ele existe, ainda que a nossa memória selectiva se iluda com receio de ir ao encontro do azul, mas também de se tingir de negro…

7 comentários:

  1. Olá amiga Meg.

    "Morre-se quando não existe mais ninguém pela qual se tenha vontade de viver…"

    Então minha boa amiga, eu não quero ainda partir. Ainda tenho alguém por quem vale a pena viver.
    Beijos minha amiga
    Victor Gil

    ResponderEliminar
  2. Morre-se quando se deixa de sonhar.
    O poema da uma visão suave da morte, tão suave quanto o azul.
    Beijos

    ResponderEliminar
  3. Morte apaziguadora do turbilhão de sentimentos que nos preenchem a vida a velocidade não controlada. Com lentidão façamos a conquista do espaço que efemeramente ocupamos criando a ilusão de os poder controlar. Façamos paragens, tenhamos a ilusão de nos apoderarmos disto e daquilo...
    É no controle da ilusão que conseguimos sobreviver!

    ResponderEliminar
  4. Só espero que leve bastante tempo para que o meu fim chegue...

    E bela poesia.

    Fique com Deus, menina Meg.
    Um abraço.

    ResponderEliminar
  5. Olá amiga. A morte é sempre algo que nos assusta,apesar de sabermos que é a coisa mais certa que temos. Agora lembrei-me de uma música de Gilberto Gil que vem muito a propósito

    Não tenho medo da morte


    não tenho medo da morte
    mas sim medo de morrer
    qual seria a diferença
    você há de perguntar
    é que a morte já é depois
    que eu deixar de respirar
    morrer ainda é aqui
    na vida, no sol, no ar
    ainda pode haver dor
    ou vontade de mijar

    a morte já é depois
    já não haverá ninguém
    como eu aqui agora
    pensando sobre o além
    já não haverá o além
    o além já será então
    não terei pé nem cabeça
    nem figado, nem pulmão
    como poderei ter medo
    se não terei coração?

    não tenho medo da morte
    mas medo de morrer, sim
    a morte e depois de mim
    mas quem vai morrer sou eu
    o derradeiro ato meu
    e eu terei de estar presente
    assim como um presidente
    dando posse ao sucessor
    terei que morrer vivendo
    sabendo que já me vou

    então nesse instante sim
    sofrerei quem sabe um choque
    um piripaque, ou um baque
    um calafrio ou um toque
    coisas naturais da vida
    como comer, caminhar
    morrer de morte matada
    morrer de morte morrida
    quem sabe eu sinta saudade
    como em qualquer despedida.

    Linda e profunda esta letra!!! Está tudo dito. Um beijinho
    Emília

    ResponderEliminar
  6. Desculpe o « Marta disse ». É que a minha filha esteve a usar o meu comp. e não reparei nesse facto; no entanto sabe quem sou..., sou do Começar de Novo. Beijinhos
    Emília

    ResponderEliminar
  7. por tudo o que dizes é que existem tantos mortos vivos
    bjs

    ResponderEliminar