sábado, 16 de maio de 2009

Arguto




in oglobo.com

“Actualmente, a mentira chama-se utilitarismo, ordem social, senso prático; disfarçou-se nestes nomes, julgando assim passar incógnita. A máscara deu-lhe prestígio, tornando-a misteriosa, e portanto, respeitada. De forma que a mentira, como ordem social, pode praticar impunemente, todos os assassinatos; como utilitarismo, todos os roubos; como senso prático, todas as tolices e loucuras. "-Teixeira de Pascoaes, século XIX


A institucionalização da mentira, desde há um século que é reconhecida como tal. Uma mentira pode ser uma declaração falsa genuína ou uma verdade selectiva, pode ainda ser uma mentira por omissão, ou mesmo verdade,  se a intenção for enganar.

Se percorrermos os títulos das várias notícias dos jornais nos últimos anos encontramos nas mais diversas dimensões a anatomia da mentira, que norteia a vida social e política a nível global. Somos hoje um produto do engano, quem não aprende a "fintar" o próximo não se move em segurança, porque a segurança depende  da arte de tornear, fintar  e inventar.

 É uma competência para o sucesso, melhor, é o treino para a excelência, que premeia os bem aventurados. A humanidade quanto mais dita civilizada, mais  se delicia com a inconstância, torna-se um desfio e como auto-regulação, recorre a uma fé ou a uma  crença, porque é um bem intrínseco, não se expõe, pode ser muda, porque se pode  falar sem mexer os lábios, pode tornar-se invisível, porque as imagens se  projectam apenas na mente.

David Hume fala sobre este assunto de um modo muito claro:"Eles valorizam a fé implícita; e disfarçam para si mesmos a sua real descrença, por meio das afirmações mais convictas e do fanatismo mais positivo."

Vejamos:

Exclusão do meio termo, ou dicotomia da falsidade? Apelo à ignorância, porque algo não provou ser falso, mesmo sendo evidente e do conhecimento de todos? Evidência suprimida?


Procura-se, de todas as maneiras,  mostrar a  suposta superioridade  e importância em algo, pelo que se usa  a  mentira para fundamentar o discurso, ainda que notado pela farsa  escolhida, em prol do interesse e ascensão pessoal. 

Conhecer a existência desses sofismas  lógicos e retóricos conduz os seus praticantes ao pináculo social, tomando qualquer caminho, desde que se atinja a finalidade.

Tom Paine, um dos defensores e signatários da Declaração da Independência em” The age of reason” afirmava já nos finais do século XVIII, obre a mentira mental, que, quando o homem corrompeu e prostituiu de tal modo a castidade de sua mente, a ponto de eleger a crença  em coisas que não acredita,  encontra-se então preparado para a execução de qualquer outro crime.

E é o crime, a coberto da mentira, que inunda hoje o nosso quotidiano social, não obstante os clamores das vozes moralizadoras, ou dos que anseiam pela simplicidade e justiça.

O logro da acção vence a integridade de carácter, vencem os habilidosos da falácia.

5 comentários:

  1. Um belissimo texto..
    Conhecer a existência desses sofismas lógicos e retóricos conduz os seus praticantes ao pináculo social, tomando qualquer caminho, desde que se atinja a finalidade...
    Perfeita frase..perfeito todo texto
    Beijos

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  2. Meg!

    Agradeço sua visita e essencialmente suas palavras deixadas...

    Mas, se assim o entender, visite o meu blog da minha poesia.

    Espero que goste.

    Feliz domingo.

    Bjnhs

    ZezinhoMota

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  3. (Desculpa hove esquecimento).

    A Poesia do Zezinho http://zezinhomota.blogspot.com

    Bjnhs

    ZezinhoMota

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  4. I wish I could read this, but I love the pictures

    http://marciaminersroomwithaview.blogspot.com/

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  5. Meg
    Vim agradecer o carinhoso comentário e dizer que sou imensamente apaixonada por Portugal... Me sinto feliz "viajar" por este País maravilhoso que um dia sonho conhecer... Tudo me encanta!...Cada detalhe me alegra... Cada cidade me fascina!

    Grande beijo é ótima semana pra ti...

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