segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Hospital


Estranho ambiente aquele, à entrada parece um hotel de grande envergadura, tipo arranha-céus dos anos setenta.
À saída, para muitos,um corredor para a morte.
Todos em passo apressado entram para apanhar os elevadores. Numa aNtuação frenética, transparecem uma enigmática ansiedade, que nos confunde, pelo misto de sorriso discreto e ar sorumbático que transportam no facies.
Sobem, descem, circulam por muitos corredores, escadarias intermédias, carregam insistentemente nos botões de chamada dos ascensores. Vão para onde? Fazer o quê? Tanta gente....Cruzam-se com pessoalde bata branca, ou azul, ou côr de rosa, em trabalho, gente da casa, os tais que são de recear, ou de agradecer, quando estamos débeis nas suas mãos....Pelo meio, cadeiras de rodas com corpos semi-inclinados,de ar frágil, esmorecidos, sem pressa porque sabem que à partida não vão para lado algum, presos voluntários, entrgues aos diagnósticos que lhes sentencia a vida. Afastam-se todos porque circulam camas, donde emergem umas cabeças de olhos semi-cerrados, mortiços, indiferentes ao bulício à sua roda, surdos para os comentários dos que arriscam ajuizar- lhes um final, por vezes tão drástico, sem retorno, quase sempre em linguagem metafórica, talvez indiciando algum respeito,ou somente puro mêdo,porque se projectam um dia naquele papel...
E o hospital marcha ao som desta amálgama de actividades rotineiras do dia a dia, sem que se sinta calor humano, nem desumano, antes indifirente, ou melhor, de simulação comum, numa forma colectiva de engano, a doença é fugaz, só mata alguns...

1 comentário:

  1. Excelente retrato!
    Fantástica escrita!
    Parabéns. Claro que vou passar a ser cliente frequente:)

    Um beijo

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