
“O pensamento é o pensamento do pensamento. Luminosidade tranquila. A alma, de certa maneira, é tudo o que é: a alma é a forma das formas. Súbita tranquilidade, vasta, incandescente: forma das formas”. James Joyce
A "festa dos mortos" celebrava o " céu e a terra" , para os celtas, sendo o lugar dos mortos um lugar de felicidade pura, onde não haveria fome nem dor. A celebração realizava-se há mais de 2000 mil anos, com rituais presididos pelos sacerdotes druidas, que actuavam como "médiuns" estabelecendo a conexão entre os vivos e os seus antepassados falecidos. Dizia-se também que os espíritos dos mortos voltavam nessa data para visitar seus antigos lares, sendo guiados pelos seus familiares, através das fogueiras. O catolicismo adoptou esta festa em honra dos defuntos, cuja expressão se encontra traduzida nos enfeites dos cemitérios, floridos e iluminados, perpetuando a elevação da alma, em comunhão com os parentes terrenos, numa memória una, que se crê imortal.
Nada de condenável este rito, solenizando a morte, enquanto perda e reencontro, porque se deseja, como sempre se aspirou, aliás, à eternidade, à ligação do que passou, com o que perdura e se vaticina ainda. O misterioso, o oculto e a fragilidade do ser humano, que racionaliza, mas não encontra soluções para o desconhecido, porque a partida deste mundo é insólita e inverosímil.
Dá-se a diáspora pelas teorias da clarificação, espremendo-lhes a clarividência possível, porém inacabada utopia, porque não passou ainda de um teorema, alimentado por especulações, adoçado por ilusões, cultos secretos, esperança de que o mundo dos vivos se propague no dos mortos, como uma continuidade anímica, que dá sentido à existência.
É a hora de homenagear os antepassados. Façamos a vigília, com máscara, travessura, magia e doçura
Fique pensando no que se diz neste: "doces, ou travessuras"...
ResponderEliminarPorém, não penso que o mundo dos vivos se propague nos dos mortos, pois que passou para o outro lado, acaba tendo uma nova existência, como novas necessidades que não temos.
É claro que se tratando de temos sentimentos, as pessoas que morreram podem ainda ter os mesmo sentimentos do que em vida, mas talvez nova intensidade.
Fique com Deus, menina Meg.
Um abraço.
por vezes penso que deveríamos entender a morte para dar sentido à vida, se quando nascemos trazemos o destino marcado deveríamos nos preparar talvez assim ao celebrar-mos o dia dos mortos o fizesse-mos com outro sentir.
ResponderEliminarbeijinhos
Uma narrativa muito interessante. A morte e os seus mistérios...
ResponderEliminarL.B.
Um grande mistério esse, o da morte; misterioso, porque na realidade ninguém sabe o que se passa depois. É um sentimento triste esse. Mas, como diz o Gilberto gil, " Não tenh medo da morte, mas sim de morrer" Acho muito interessante a letra. Vou colocá-la aqui:
ResponderEliminar"não tenho medo da morte
mas sim medo de morrer
qual seria a diferença
você há de perguntar
é que a morte já é depois
que eu deixar de respirar
morrer ainda é aqui
na vida, no sol, no ar
ainda pode haver dor
ou vontade de mijar
a morte já é depois
já não haverá ninguém
como eu aqui agora
pensando sobre o além
já não haverá o além
o além já será então
não terei pé nem cabeça
nem figado, nem pulmão
como poderei ter medo
se não terei coração?
não tenho medo da morte
mas medo de morrer, sim
a morte e depois de mim
mas quem vai morrer sou eu
o derradeiro ato meu
e eu terei de estar presente
assim como um presidente
dando posse ao sucessor
terei que morrer vivendo
sabendo que já me vou
então nesse instante sim
sofrerei quem sabe um choque
um piripaque, ou um baque
um calafrio ou um toque
coisas naturais da vida
como comer, caminhar
morrer de morte matada
morrer de morte morrida
quem sabe eu sinta saudade
como em qualquer despedida."
Como ele, tenho é medo de morrer, não da morte.
Um beijinho, Meg e um bom fim de semana
Emília
A uma confortável distância, que determina que tudo tem um tempo e um local próprios, como os mortos no cemitério e os vivos em casa, homenagiamos os mortos, fazendo uma curiosa ligação, como água salobra, entre a vida e a morte. Fico muitas vezes a pensar se não serei eu que estou morta e eles vivos...
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