domingo, 15 de fevereiro de 2009

Os convencidos....

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Convencidos da vida há-os, afinal, por toda a parte, em todos (e por todos) os meios. Eles estão convictos da sua excelência, da excelência das suas obras e manobras (as obras justificam as manobras), de que podem ser, se ainda não são, os melhores, os mais em vista.
Praticam, uns com os outros, nada de genuinamente indecente: apenas um espelhismo lisonjeador. Além de espectadores, o convencido precisa de irmãos-em-convencimento. Isolado, através de quem poderia continuar a convencer-se, a propagar-se? -
Alexandre O'Neill
Não poderia ser melhor!
Hoje surgem às centenas em tudo quanto é lugar: no trabalho, na TV, nos jornais, no ginásio,no café.....
Culto da personalidade? Tornou-se então numa generalização este convencimento, ao ponto de se transformar numa característica, sob forma de objectivo, uma competição. É fomentada no seio de muitas famílias, que cultivam a "petulância", entendendo-a como arma de defesa social. Uma boa postura, um bom ar e um toque de cultura denotam uma superioridade, que ajudam a criar um super-ego, ocultando as fraquezas da penumbra daquele que se quer impôr.
Depois, é só treinar, praticando, recorrendo-se à auto-sujestão, como forma de interiorização. Acreditar que se é capaz, mesmo quando se comentem erros, há que recuperar, continuar, com uma "performance" hábil, em prol da sua vaidade.
Quem não os vê por aí???

No corre-que-corre, o convencido da vida não é um vaidoso à toa. Ele é o vaidoso que quer extrair da sua vaidade, que nunca é gratuita, todo o rendimento possível. Nos negócios, na política, no jornalismo, nas letras, nas artes. É tão capaz de aceitar uma condecoração como de rejeitá-la. Depende do que, na circunstância, ele julgar que lhe será mais útil. O'Neill , in "Uma Coisa em Forma de Assim"

2 comentários:

  1. Pois, é!...
    É o culto das aparências, o culto do ter e não do ser!
    Esquecem que a vida é simplicidade e humildade e o aceitarmos a falibilidade das nossas certezas...

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  2. A actual sociedade ocidental é caracterizada pela valorização das questões individuais, pela renovação permanente, pelo culto das aparências e pelo consumismo. Para esta sociedade hiperconsumista, promover a aparência tornou-se fundamental, os produtos têm função primordial neste contexto, uma vez que os objectos a serem consumidos apresentam uma lógica social pautada nos significados dos grupos ao qual pertencem, representando importantes factores de identificação social. Paradoxalmente, a sociedade hiperconsumista emerge num momento marcado pela falta de referências.
    Lembra-me o 5º sapato de Mia Couto – “A vergonha de ser pobre e o culto das aparências”.

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